Taça Centenário da Imigração Italiana – 1975

Quase 24 anos depois de se encontrarem na final do Torneio Internacional de Clubes Campeões – Copa Rio, primeira competição oficial de nível global reconhecida pela Fifa, Palmeiras e Juventus-ITA entraram em campo no dia 3 de julho de 1975 para a disputa da Taça Centenário da Imigração Italiana – embora, mais tarde, convencionou-se adotar como data inicial da chegada em massa dos italianos no Brasil o dia 21 de fevereiro de 1874, quando cerca de 400 trabalhadores desembarcaram em Vitória (ES) vindos do porto de Gênova (ITA) após mais de um mês e meio a bordo do navio à vela La Sofia.

O confronto, disputado no estádio do Pacaembu, foi viabilizado pelo então presidente palmeirense, Paschoal Giuliano, e pelo vice, Nelson Duque. No local, foi estendida uma grande faixa de boas vindas com os dizeres “I tifosi del Palmeiras salutano la Vecchia Signora” (em português, “os torcedores do Palmeiras saúdam a Velha Senhora”). Antes de a bola rolar, a banda da Polícia Militar executou os Hinos do Brasil e da Itália, e, em seguida, o ídolo Mazzola, que vestia a camisa da Juventus, foi homenageado dentro de campo, recebendo, inclusive, o Troféu Periquito de Ouro das mãos de Edi Pascucci, ex-atleta da equipe feminina de basquete do Palestra Italia.

Revelado pelo Verdão na década de 1950 e primeiro palmeirense campeão do mundo com a Seleção Brasileira, em 1958, Mazzola já brilhava no futebol italiano havia anos, tendo sido bicampeão nacional pelo Milan-ITA em 1958-59 e 1961-62 e campeão da Liga dos Campeões da Europa em 1962-63 – em 1962, inclusive, o craque já enfrentara o Palmeiras em um amistoso que terminou empatado em 4 a 4 no Pacaembu. Depois de uma longa passagem pelo Napoli-ITA, o piracicabano se transferiu para a Juventus em 1972, já conquistando o scudetto em sua primeira temporada em Turim. O segundo, em 1974-75, foi assegurado pouco antes da vinda ao Brasil para o duelo com o Palmeiras.

A Juventus, aliás, em sete edições do Campeonato Italiano disputadas entre 1971 e 1978, faturou nada menos do que cinco títulos e dois vice-campeonatos. No elenco, brilhavam estrelas da Seleção Italiana, como o goleiro Dino Zoff, os defensores Antonello Cuccuredu, Gaetano Scirea e Claudio Gentile, o meio-campista Franco Causio e o atacante Roberto Bettega, que enfrentaram o Brasil na Copa do Mundo de 1978 – Zoff, Scirea, Gentile e Causio ainda seriam campeões do mundo com a Azzurra em 1982. Fora dos gramados, havia dois nomes que tinham sido derrotados pelo Palmeiras na decisão da Copa Rio de 1951: o ex-centroavante Jean Pietro Boniperti era o presidente da Juventus em 1975, e o ex-meio-campista Carlo Parola era o técnico.

Do lado palmeirense, a base do time bicampeão brasileiro em 1972 e 1973 e bicampeão paulista em 1972 e 1974 sobressaiu sobre os italianos e venceu por 2 a 0, gols de Edu Bala e Fedato, garantindo o troféu que foi entregue por Boniperti ao então diretor de futebol alviverde, Nicola Racioppi. Foi o primeiro título internacional do ano para Verdão, que no mês seguinte viajaria para a Espanha e voltaria pra casa com a taça do Torneio Ramón de Carranza após bater o Real Madrid-ESP por 3 a 1.

Palmeiras 2×0 Juventus-ITA

Data: 03/07/1975
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Gols: Edu Bala e Fedato

Palmeiras: Emerson Leão; Eurico, Luís Pereira, Arouca e Zeca; Jair Gonçalves e Ademir da Guia; Edu Bala (Mário), Leivinha, Fedato e Nei (Ronaldo). Técnico: Oswaldo Brandão.

Juventus: Zoff; Cuccuredu, Scirea, Spinosi e Gentile; Furino (Longobucco), Causio e Viola; Bettega (Damiani), Mazzola e Anastasi (Savaldi). Técnico: Carlo Parola.